A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Foripes) e o Grupo Kairós, rede internacional de educadores, manifestaram, neste fim de semana, apoio à reitora Sandra Regina Goulart Almeida e a ex-dirigentes da UFMG por conta do processo instaurado pela Controladoria Geral da União (CGU) para apurar supostas irregularidades cometidas na execução do projeto do Memorial da Anistia Política. A decisão, publicada na quinta-feira, dia 21, no Diário Oficial da União, foi suspensa no mesmo dia por medida liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Na nota em que expressa o seu apoio à UFMG, publicada no último sábado, dia 23, a Andifes destaca que o próprio pedido de arquivamento do inquérito feito pela Procuradoria da República de Minas Gerais “afasta caracterização de malversação de recursos públicos na execução do relevante projeto do Memorial da Anistia Política”. Ainda no comunicado, a associação dos reitores afirma que “as universidades federais são patrimônio da sociedade brasileira e jamais se silenciarão diante de medidas que cerceiem a preservação da memória e da cultura brasileira, obstruam o desenvolvimento científico e tecnológico de nosso país ou atentem contra a democracia e a autonomia”.
Também no sábado, o Foripes expressou sua preocupação com o processo contra a reitora e os ex-dirigentes. “Apesar da liminar que suspendeu o ato, a autoridade sancionadora extrapolou suas competências com relação aos dirigentes sem poder para tal”, registrou a entidade em nota assinada pelo presidente do Fórum, Sandro Amadeu Cerveira, reitor da Universidade Federal de Alfenas (Unival), e pelos vice-presidentes Lavínia Rosa Rodrigues, reitora da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), e Marcelo Bregagnoli, reitor do Instituto Federal do Sul de Minas (IFSuldeMinas).
Os dirigentes do Fórum também pediram respeito às instituições de ensino e pesquisa e a seus gestores. “Neste triste momento por que passa a sociedade brasileira, em que a pandemia de covid-19 ceifa vidas e mais vidas, essas instituições e seus gestores e gestoras destacaram-se pelo empenho incansável na busca de soluções que possam aliviar o sofrimento das pessoas e produzir para elas alguma esperança em meio a dificuldades de toda natureza. Em especial, merecem nosso reconhecimento e solidariedade as reitoras, como a professora Sandra, que enfrentam diariamente não apenas os desafios da gestão universitária, mas também as manifestações derivadas de uma cultura historicamente marcada por uma atitude patriarcal discriminatória de gênero”, destacaram.
Autonomia violada
Em sua mensagem de apoio, o grupo Kairós definiu a ação contra a reitora como “mais um ataque às universidades federais brasileiras”, que enfrentam violações de sua autonomia. “No presente caso, trata-se claramente de um ataque por razões ideológicas e de natureza arbitrária e autocrática”, manifestou o grupo, formado por especialistas de várias partes do mundo que atuam na transformação educacional, elegendo-a como sustentáculo fundamental para a construção de uma nova sociedade.
A nota é assinada pela equipe de coordenação, formada por Juan José Salado Juan Carlos Casco, Fernando Barrena, Telêmaco Talavera e Ana Lúcia Gazzola, professora da UFMG e reitora na gestão 2002-2006.
Na última sexta-feira, dia 22, o Conselho Universitário já havia manifestado, de forma unânime, sua “irrestrita solidariedade” à reitora Sandra Regina Goulart e aos ex-dirigentes da UFMG. Leia o comunicado e a reportagem.
Fonte: UFMG